Mt 7.6 Algumas pessoas ao
fazerem uma tradução literal deste texto, entendem que é pecado dar as sobras da
mesa aos cães, uma vez que as mesmas já teriam sido abençoadas através da
oração. Você julga esta postura absurda? É importante destacar que aos
sacerdotes era permitido comer de certos sacrifícios oferecidos ao Senhor
(Êxodo 29:33; Levítico 2:3), e nem devemos cogitar a possibilidade deles
compartilharem este alimento com os cães que por ali transitavam. Vale lembrar
que o cão na palestina não tinha a característica de animal doméstico como é em
nossos dias, e em nossa cultura. Ele era o carniceiro das ruas, feroz e
selvagem.
Quando o assunto é animais, podemos constatar nos evangelhos, que Jesus
menciona o nome de alguns para descrever as condições espirituais do ser
humano: “Raposa", "serpentes”, “víboras" e “ovelhas”. Em alguns
casos com um aspecto positivo e outros não, como é o caso do cão e do porco que
são mencionados no texto em questão. Como entender esta abordagem feita por
Cristo? É importante destacar que não temos aqui uma interrupção do que é
tratado nos cinco versículos que ensinam sobre a questão do julgamento, mas uma
seqüência. Como entender esta questão? Não podemos agir como juízes: “não
julgueis”, v1, porém temos que saber avaliar a disposição dos indivíduos,
testar o espírito.
Qual é o ensinamento do texto? Jesus
está dizendo que os seus discípulos não deveriam insistir em levar o evangelho
àqueles que escarnecem, isto equivale ao seguinte: queremos levar os pecadores
aos pés de Cristo, mas não podemos obrigar ninguém a obedecer a Deus. Para
melhor elucidar esta idéia observe a recomendação de Cristo: "Se
alguém não vos receber, nem ouvir as vossas palavras, ao sairdes daquela casa
ou daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés" (Mateus 10:14). Mas
porque esta recomendação? Simples, Não é justo a igreja fazer um trabalho de
bajulação junto aos que constantemente rejeitam a oferta da salvação, ao passo
que muitos ainda não ouviram (Mt 9.37).
“Para que não as pisem com os
pés e, voltando-se, vos dilacerem”. A idéia aqui é a de um porco que
coloca pérolas na boca por confundir com
ervilha ou bolotas, mas logo que prova cospe fora e parte para cima do cuidador
por julgar que lhe deu algo sem valor. Os apóstolos entenderam muito bem
este ensinamento de Cristo como podemos observar: “Mas Paulo e Barnabé, usando
de ousadia, disseram: Era mister que a vós se vos pregasse primeiro a palavra
de Deus; mas, visto que a rejeitais, e não vos julgais dignos da vida eterna,
eis que nos voltamos para os gentios” (At 13:46).
Portanto, é importante termos em mente
que não devemos julgar, o que não significa que não devamos avaliar a postura
do outro ao oferecermos a pérola, que é a bendita mensagem de salvação, devemos
estar atentos à resposta dada à proclamação da verdade e percebermos se estamos
de fato conduzindo pecadores para a presença de Deus ou simplesmente bajulando
escarnecedores como se Deus necessitasse deles para ser engrandecido.
Pastor Givaldo Santana