No
livro de Romanos, capítulo doze, o apóstolo Paulo exortará a igreja para que
apresente a Deus um culto racional. Isto pressupõe que o adorador deve estar
ciente do seu papel na condição de alguém criado por Deus e, que todos os seus
atos devem ter como meta a exaltação do soberano criador. Enganam-se aqueles
que acham que a adoração só acontece quando se está reunido em um templo com
outras pessoas, assim como também estão enganados aqueles que pensam que basta
evidenciar espiritualidade sem uma real compreensão do que se está fazendo. No
texto acima descrito vemos a realidade de muitas pessoas que se dispõem a adorar,
isto é, simplesmente reproduzem um ato sem nem ao menos compreenderem a razão
porque fazem. Lêem a Bíblia e até decoram versículos, mas não conseguem extrair
das páginas da bíblia ensinamentos para o cotidiano. Sem falar daqueles que até
recebem as devidas explicações, mas ainda assim preferem manter-se fechados,
cultivando um ritual sem que isto mude efetivamente as suas vidas. Este
episódio envolvendo o eunuco certamente tem muito a lhe ensinar. “Compreendes o que vens lendo”? Vamos ao texto.
A adoração v, 27 – “E
eis que um etíope... que viera adorar em Jerusalém”. Ao
que tudo indica, foi em função do cargo de tesoureiro, que o eunuco teve
contato com judeus egípcios e identificou-se com a crença deles. É provável
também que as idas para Jerusalém já fossem um hábito para aquele homem. Porém,
embora tivesse disposição para adorar, ao que tudo indica o eunuco não
compreendia o significado deste texto. Num primeiro momento faz-se necessário
ressaltar que a verdadeira adoração é prestada a Deus somente por aquele que nasceu do Espírito
(Jo 3.6). Disse Charnock:
“Toda adoração que se origina na natureza morta é apenas serviço morto”. A
adoração depende completamente do milagre espiritual do novo nascimento e da
obra contínua de vivificação da fé. Logo, se não há vida espiritual, não há
adoração. Daí porque dizer que só através do convencimento que o Espírito Santo
aplica ao nosso coração, é que nossa adoração pode ser edificante para nós e
agradável a Deus. É preciso destacar ainda
que esta adoração, envolve sinceridade, fé, amor e humilhação. Para John Owen:
“A adoração não é somente uma expressão de gratidão, mas também é um meio de
graça, através da qual os famintos são alimentados, e os pobres são
enriquecidos”. Na adoração o Senhor comunica a sua graça ao alimentar a alma
daqueles que crêem. Sendo assim, Deus é a fonte de toda água viva, ele é o Deus
de toda graça, paz e consolação e, a menos que o adorador creia nesta verdade a
sua alma não poderá ser saciada. Exatamente por isso, Felipe é conduzido para
chamar o eunuco para prestar uma adoração consciente.
A meditação v, 28- 31- “Compreendes o que
vens lendo”? Não é muito raro nos depararmos com pessoas que até lêem as
Escrituras com certa regularidade, entretanto, não são capazes de extrair
ensinamentos para o próprio enriquecimento espiritual, decoram apenas o que
lhes convêm a ponto de ignorar as implicações da falta de compreensão do texto
lido. Certamente se o eunuco continuasse aquela leitura e centenas de viagens
para Jerusalém, de certo, sem um processo de reflexão, continuaria apenas sendo
um homem religioso. Na verdade, não experimentaria da fonte da água da vida,
aliás, esta é a realidade de muitas pessoas que nos cercam. O desafio é para
que você peça sempre a intervenção do Espírito para que possa, desta maneira,
entender o que o Senhor quer te ensinar a partir do texto lido. Não seja um
mero papagaio que simplesmente reproduz o que ouviu falar, mas busque a
compreensão do texto de tal maneira que entenda os propósitos de Deus para a
sua vida. O convite do eunuco para que Felipe subisse ao seu carro para explicá-lo
o texto de Isaias, denota uma certa urgência, ou seja, aquele homem tinha sede
de aprender corretamente sobre como prestar uma adoração com entendimento.
Conta-se que certa vez uma mulher sempre cortava as juntas do frango antes de
colocá-lo no forno, quando questionada sobre a razão porque sempre procedia
assim, ela respondeu que aprendeu com a sua mãe, e quando foram questionar a
sua mãe, a mesma disse que tinha aprendido com a avó, e quando foram até a sua
avó para saber a razão de tal prática ela respondeu: é porque o meu forno era
pequeno, e como não cabia o frango inteiro, eu tinha que cortar uma parte. E assim,
muitos agem em relação à religião, todavia, você precisa agir com a mesma
humildade do eunuco e dizer: Eu não sei, me ensina.
A decisão v, 36-38 “Eis
aqui água, que impede que seja eu batizado?” – A determinação é imprescindível, o eunuco não
protelou a sua decisão, ele não disse que ia consultar algum parente ou amigo
para saber qual resposta dar ao apelo do evangelho, mas em um ato corajoso e
decisivo ele disse para Felipe: Sim, eu reconheço os meus pecados e quero
firmar um compromisso com Cristo agora mesmo. Muitas pessoas não compreendem
que o amanhã pertence a Deus e que, por isso, as Escrituras apelam: “Enquanto se
diz: Hoje, se ouvirdes a
sua voz, não endureçais o vosso coração, como na provocação” Hb3:15. É impressionante como as pessoas muitas vezes
são ágeis em relação à busca pela estabilidade financeira, na busca pelo
restabelecimento da saúde física, mas quando o assunto é bem-estar da alma as
pessoas querem sempre adiar a decisão pensando que estão no controle das
circunstâncias, mas quanto a esta questão o canto sacro afirma: “amanhã pode ser muito tarde, hoje Cristo te
quer libertar”. O texto nos diz que após o batismo o eunuco saiu cheio de
júbilo. É exatamente este o sentimento do coração de todo aquele que
experimenta o novo nascimento em Cristo.
Certamente havia sinceridade na vida
daquele homem, a religião para ele era algo importante e que deveria ser levado
a sério, mas assim como hoje muitos não sabem exatamente porque crêem, assim
era com o eunuco. Como vimos, ele tinha o hábito de subir a Jerusalém e até lia
as Escrituras, coisa que muitos religiosos hoje não fazem, mas acontece que ele
não compreendia as idéias exaradas nas Escrituras. Então, foi necessário que o
apóstolo o esclarecesse apontando Cristo que foi anunciado pelo profeta Isaias
a setecentos anos A.C. Mas, o que mais chama a atenção, foi que após o
esclarecimento do texto o eunuco reconhece que até então estava professando uma
fé vazia. O que ocorre na vida daquele homem a partir daí, não é apenas uma
mudança de religião, mas de vida, e certamente aquela data jamais sairia da sua
lembrança, pois agora o texto sagrado passa a ter real sentido em sua vida,
pois agora ele tornou-se uma nova criatura em Cristo Jesus.
Pastor Givaldo Santana
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