Ez 9.1-6. Os dias de Ezequiel foram marcados
pela decadência moral e espiritual de Israel. O profeta vai registrar que
aquela situação incomodava a poucos. Sem que o povo se desse conta da gravidade
de seus pecados, gradativamente a glória do Senhor os abandonava, mas a função do
profeta era chamar Israel à restauração para evitar a ruína que seria o exílio
babilônio.
A glória de Deus é essencial em nossa vida,
mas em que consiste a glória de Deus? Significa
a presença divina no meio do povo de Deus, ou ainda, é a manifesta vontade do
Senhor em abençoar o seu povo.
Com base nos relatos feitos pelo
profeta Ezequiel apresentaremos as causas do afastamento da glória de Deus.
1) A corrupção presente na casa de
Deus -“...E levantei os meus olhos para o caminho do norte, e eis que da banda do
norte, à porta do altar, estava esta imagem de ciúmes, à entrada.” Ez 8:5. Muito embora em nosso
contexto a corrupção esteja relacionada com a política associada ao desvio de
recursos, a ênfase bíblica nos remete para outra ideia, isto é, ela ocorre
quando os homens devotam aos deuses a adoração que é devida a Deus. Isaias
registrou esta reivindicação da parte do Senhor: “Eu sou o SENHOR; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor, às imagens de escultura.” Is 42:8. Os ídolos estavam
agindo como usurpadores, uma vez que vinham roubando no coração do povo o lugar
devido tão somente ao soberano Deus. A corrupção se devia, portanto, ao desvio
do propósito que era viver para louvor e glória daquele que nos criou, ao invés
de depositar a confiança em deuses mortos (Sl 115).
2) A depravação da liderança - “E setenta homens dos anciãos da casa
de Israel, com Jazanias, filho de Safã, que se achava no meio deles, estavam em
pé diante das pinturas,...” (Ez 8.11). Se por um lado a liderança não tem a
atribuição de ser perfeita, até mesmo pela sua condição de pecadora, espera-se,
no entanto, que ela sirva como modelo de fidelidade a Deus para os seus liderados.
E o que dizer quando o mau exemplo parte de quem deveria apontar a postura
correta? Era exatamente este o problema denunciado pelo profeta Ezequiel, ou
seja, a liderança que deveria combater a idolatria éra na verdade a principal
motivadora. Quanto a isto o profeta Isaías mais uma vez denuncia: “Congregai-vos
e vinde; chegai-vos juntos, vós que escapastes das nações; nada sabem os que
conduzem em procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam
a um deus que não
pode salvar”
Is
45:20. A consequência disso veremos a seguir.
3) A inconsciência da presença
divina- “...E eles
dizem: O SENHOR não nos vê, o SENHOR abandonou a terra” (Ez 8.12). Dentre
as muitas características da idolatria está a desconfiança e o guiar-se pelo
visível. Enquanto o Senhor é acusado de ter abandonado a sua criação, o profeta
Isaias registra: “O teu Deus reina!” Is 52:7. A decadência
espiritual de Israel não lhe permitia ver o agir de Deus apesar da vida de
desobediência do povo. A cegueira era tamanha que o povo não se dava conta do
quão distante estava do Senhor e, por isso, preferia acusar o Senhor de ter se
ausentado.
Um aspecto a ser observado é que quando atentamos
para a peregrinação dos hebreus do Egito para Canaã, vemos que no momento em
que entenderam que Deus os havia abandonado, correram para construir-lhes um
deus, a fim de sentirem-se seguros. O idólatra fala muito de fé, mas se guia
tão somente por aquilo que está diante dos seus olhos e é, por esta razão, que
estarão sempre cercados por ídolos, para quem apelarão todas as vezes que sentirem-se
ameaçados ou em dificuldades.
Qual foi a resposta do Senhor para os dias de
Ezequiel? “Matai
velhos, e jovens, e virgens, e meninos, e mulheres, até exterminá-los...” EZ 9:6. Como somos um povo culturalmente passivo,
nos recusamos a acreditar que o Senhor tomou esta medida tão drástica, no
entanto, o zelo do Senhor se manifestaria em resposta ao coração endurecido do
povo e como conseqüência, o cativeiro babilônico seria inevitável. “E porei contra ti o meu zelo, e usarão
de indignação contigo....” Ez
23:25.
A mensagem de
Ezequiel não consistia apenas em apontar o juízo de Deus, mas também em lançar
uma mensagem de renovo e esperança: “E eis que a glória do Deus de Israel vinha do
caminho do oriente; e a sua voz era como a voz de muitas águas, e a terra
resplandeceu por causa da sua glória” (Ez 43:2). Contudo, Israel manteve-se na
cegueira espiritual, a glória do Senhor se foi e o cativeiro tornou-se
inevitável. A pergunta a ser feita é: Você pode dizer que a
glória Deus está presente em sua vida?
Pastor
Givaldo Santana
0 comentários:
Postar um comentário