Jr 10.23-25 Todos certamente já ouviram sobre a história trágica do Titanic que naufragou matando centenas de pessoas, porém, o que marcou este episódio foi a frase que alguém supostamente teria pronunciado por julgar a obra como perfeita: “Este nem Deus afunda!” Na década de 80 foi eleito Tancredo Neves, onde teria sido dito que nem Deus o impediria de assumir a presidência do Brasil, mas o fato foi que ele foi sepultado antes de tomar posse. O profeta Jeremias afirma que existem coisas adversas que fogem da previsão humana conforme veremos.
A partir do verso vinte e três o profeta fará uma oração, onde apontará não só a sua necessidade, mas também a da Casa de Israel. Nesta súplica aparecerão alguns elementos como: misericórdia, amor, soberania e juízo.
I – Reconhecendo da nossa fragilidade v, 23
1.1 - “Eu sei, ó SENHOR, que não é do homem o seu caminho”. Muito embora seja importante que se faça planos para todas as etapas de nossa vida, é preciso ter consciência de que o amanhã é campo desconhecido. Dentro desta perspectiva podemos afirmar que nenhum ser humano pode ter como pilar ele mesmo, como se fosse uma unidade auto contida. Quem pode viver simplesmente de sua própria erudição? 1.2 – “nem do homem que caminha o dirigir os seus passos.” Equivocam-se todos aqueles que acham que a sabedoria reside neles mesmo, aliás, a estultícia já consiste em fomentar tal pensamento, pois a sabedoria reside em confiar a Yahweh os projetos e sonhos na certeza de que apenas ele pode avaliar antecipadamente o resultado das ações presentes. Observe a súplica do salmista: “Dirige os meus passos nos teus caminhos, para que as minhas pegadas não vacilem.” Sl 17.5. Levando em consideração que apenas o Senhor detém o controle de todas as coisas, apenas aqueles que nele confiam podem ter a certeza que o amanhã será abençoado por serem dirigidos pelo Senhor do universo.
II – A suplica por correção v, 24
2.1 – “Castiga-me, ó SENHOR” – A correção do Senhor tem sempre um caráter pedagógico. Com isso se quer dizer que em momento algum o mesmo disciplinará um servo seu pelo simples prazer de vê-lo sofrer pelas conseqüências dos seus atos, pelo contrário, haverá sempre o propósito de levar o pecador a compreender que não vale a pena viver em rebelião contra o seu criador. Ao contrário daquela ideia que se tinha na antiguidade de um deus vingativo e que tinha satisfação em ver o homem penando, vemos Jeremias evocando atributos comunicáveis como amor e misericórdia presentes em Deus.
2.2 – “não na tua ira, para que não me reduzas a nada.” Ao ver Jeremias proferindo estas Palavras nos vemos na obrigatoriedade de desmistificar uma ideia dos nossos dias que procura descrever a figura de Deus como sendo unicamente amor. Ao longo das Escrituras vemos os escritores sacros fazendo menção à ira de Deus contra o pecado e consequentemente também aos pecadores ou desobedientes. Lá no novo testamento, por exemplo, vemos: “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo.” Hb 10:31. Observe ainda: “Para fazer juízo contra todos e condenar dentre eles todos os ímpios, por todas as suas obras de impiedade, que impiamente cometeram, e por todas as duras palavras que ímpios pecadores disseram contra ele.” (Jd 1.15). Portanto, fez muito bem o profeta ao clamar para que Deus não manifestasse a sua ira, mas sim evidenciasse misericórdia para com a sua vida e Judá.
III- O clamor por justiça v, 25
3.1 - “Derrama a tua indignação sobre os gentios que não te conhecem”. O livro dos salmos é dividido por categorias, sendo uma delas os chamados salmos imprecatórios. As palavras proferidas pelos salmistas ficam bem próximas do que chamaríamos de desejo de vingança, entretanto, não é exatamente este o propósito. O salmo 59 é um deles: “Consome-os na tua indignação, consome-os, para que não existam, e para que saibam que Deus reina em Jacó até aos fins da terra. (Selá.)” (Sl 59.13). O intuito na verdade é para que a justiça de Deus seja vindicada. Em relação ao texto em questão Jeremias lança um imprecatório contra a Babilônia para que sofra o juízo pelo sofrimento causado a Jacó que aparece aqui simbolizando o povo de Deus. “porque devoraram a Jacó, e devoraram-no e consumiram-no, e assolaram a sua morada”. v,25
3.2 - “sobre as gerações que não invocam o teu nome”. Ainda no salmo 59 vemos: “Pelo pecado da sua boca e pelas palavras dos seus lábios, fiquem presos na sua soberba, e pelas maldições e pelas mentiras que falam.” Verso 12. Como Deus manifestaria misericórdia sobre pessoas que nem sequer lembram do seu nome? Como manifestaria benevolência para com aqueles que seguem os deuses criados para satisfazer seus próprios desejos e ambições? Pensando por esta perspectiva entenderemos a argumentação de Jeremias, pois apenas aqueles que conhecem o nome do Senhor podem desfrutar dos seus cuidados.
Dentre as lições que podemos tirar do capítulo dez de Jeremias é que o Senhor não abre mão da sua glória, aliás, vemos ao longo de toda Bíblia a ênfase de que há um só Deus e um só Senhor, e que a nossa vida deve visar o louvor da sua glória. Vimos que toda tentativa para reproduzir a divindade não passa de divagação. Vimos também que o Senhor chama o seu povo para um concerto, onde como resultado do arrependimento pelos pecados, o Senhor mandaria cura como conseqüência de sua misericórdia, entretanto, Jeremias evoca a justiça de Deus contra aqueles que causam sofrimento aos santos e, no entanto, pensam que ficarão impunes. Você conhece o nome do Senhor? Reconhece que ele é o único e verdadeiro Deus, ou venera algum outro deus por achar que adorar o soberano criador é insuficiente? A Deus toda glória!
Pr. Givaldo Santana