É que Cristo seja pregado
Fl 1.18 Nos primórdios da minha conversão fui fisgado muitas vezes
pela armadilha de achar que fazer crítica a determinados movimentos no meio
evangélico era pregar o evangelho. E funcionava da seguinte maneira: Na medida
em que passava a falar do evangelho para determinada pessoa, a mesma, no
intuito de desqualificar a minha pregação, fazia criticas a determinadas
práticas no meio evangélico e me perguntava o que eu achava. Entendendo que
estava defendendo a verdade, não fazia economia nas críticas a determinados movimentos,
o que equivale a dizer que tinha mordido a isca. Até porque, o evangelizado sai
com a consciência “tranqüila”, pois eu havia apresentado razões mais que
suficientes para que não desse crédito à mensagem anunciada.
A questão é que em
muitas situações dedicamos muito tempo para fazer duras críticas ao que
entendemos que não está em conformidade com o evangelho, sendo que na verdade
deveríamos empregar mais esforços para anunciar a Palavra de Deus e,
conscientizar o nosso ouvinte de que a sua condição diante de Deus é de pecador
e, que por esta razão, existe uma necessidade urgente de arrependimento. O
apóstolo Paulo já tinha denunciado esta problemática anteriormente, e agora ele
desafia a igreja de Filipos a não perder tempo combatendo os equivocados, mas
dedicando real atenção no anúncio do evangelho, pois de certa maneira, até
mesmo aqueles que pregam por motivações erradas acabam de certa maneira
difundindo o evangelho.
1) Uns pregam por pretexto - Pretexto : “Motivo falsamente
alegado”. V,18. Os pedagogos são unânimes ao afirmarem que a melhor maneira de
ensinar a criança a falar corretamente é não repetindo as palavras erradas que
ela pronuncia, pois desta maneira, estaria reforçando o erro. Quanto à passagem em questão, a recomendação
de Paulo para os irmãos da igreja de Filipos é: Não dediquem tempo combatendo
àqueles que pregam por motivações erradas, mas sim, que apliquem esforços em
levar os pecadores a colocarem o coração na Palavra. Aliás, o apóstolo até
admitirá que estas dificuldades estarão sempre a atormentar a igreja. No verso
quinze ele destacará as motivações de alguns: a)Inveja e b)Rivalidade. Esta
idéia fica muito clara quando trazemos à memória os judaizantes descritos no
livro de Gálatas, pois fingiam ter zelo pela verdade e por Deus, mas tinham em
mente apenas os seus próprios interesses, configurando-se, portanto, como
corruptos e egoístas. O que eles queriam
de fato? Apenas perturbar a paz da igreja.
Em um segundo momento Paulo destacará a questão de real
relevância como segue.
2) Outros por verdade -Por verdade – “Em prol da glória de
Cristo e do avanço do seu evangelho, sem se importar com o benefício pessoal”.
Ou seja, não usam o nome de Cristo para mascarar motivos pessoais de cobiça e
vanglória. Aqui já podemos fazer o seguinte paralelo: “Verdade” (com
sinceridade), “pretexto” (com insinceridade). Paulo chamará a atenção sobre o
que importa para a igreja, isto é, que Cristo seja efetivamente anunciado com
as motivações corretas, onde o propósito do povo de Deus consiste em ser um
instrumento em suas mãos com seriedade de coração para ver vidas sendo
transformadas. Esta foi a razão pela qual Paulo não lamentou o fato de estar em
algemas, até porque, ele alega que na condição de prisioneiro, teve a
oportunidade de pregar a Cristo para a guarda pretoriana v. 13. Pregar a Cristo
por verdade, portanto, consiste em levar seu nome a ser glorificado por meio da
transformação do pecador, é aquilo que os teólogos classificam como pregação
cristocêntrica, ou seja, qualquer pregação que não tenha o Senhor Jesus como o
centro, pode perfeitamente ser apontada como um pseudo-evangelho.
Por ter a consciência de que a sua motivação é sincera,
Paulo dirá: “Me regozijo” v, 19 cuja idéia é a expressão chave da epístola aos
filipenses, é como se ele dissesse: “Eu
me regozijo, regozijai-vos também”. No que a igreja deveria se regozijar? Na
certeza de que a sua motivação para pregar a Cristo era correta e, portanto,
não havia motivo para tristeza, mas sim, para alegria, visto que a Palavra está
sendo anunciada, e vidas sendo arrebatadas das garras de satanás. A Deus toda a
glória! A Ele que é sempre servido em glorificar o seu unigênito na vida de sua
igreja.
Pastor Givaldo Santana
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