Mt. 9. 18-26 As asas do avião têm como objetivo estabelecer o equilíbrio da
aeronave. Certamente estão lembrados que em setembro de 2006 um avião da empresa
aérea Gol foi atingido no ar por um jato executivo Embraer Legacy, resultando
em mais de 150 mortos. Segundo os peritos uma das asas teria sido atingida
provocando a queda da aeronave. O texto acima citado nos faz refletir sobre
dois pontos essenciais para a humanidade, a saber: fé e razão. Vamos ao texto.
I- O
reconhecimento - “Aproximando-se
o adorou” v, 18. Este
chefe reconhece em Cristo o Senhor de sua vida e, por isso, se prostra e o
adora. Talvez alguém até argumente: “Ele não tinha mais nada a perder e,
portanto, o que viesse seria lucro”. Não é isto que o texto nos mostra. Observe
que Mateus diz que a menina já estava morta quando o pai foi procurar por Cristo.
É importante destacar aqui, que se estabeleceu um mito ao longo da história de
que a religião impede a pessoa de buscar a verdade devido à fé que é imposta
por crendices, aliás, alguns jovens, inclusive aqueles criados na igreja, são
muitas vezes ludibriados por esta inverdade. A questão é que a razão se baseia
na evidência intrínseca, enquanto a fé tem sua base na verdade revelada, em
outras palavras, a fé vai operar para evitar que a razão caia em desconfiança. Portanto,
quando aquele chefe racionaliza que os médicos não podem fazer mais nada por
sua filha, ele exercita a sua fé e recorre a quem podia reverter aquele quadro
caótico.
II- A
manifestação de fé -“Impõe a
mão sobre ela, e viverá” v,18. Certamente aquele homem já tinha
contemplado os milagres operados por Cristo ou até mesmo ouvido falar a seu
respeito, o fato é que o seu pedido vem carregado de fé e confiança. Cristo que
tantas vezes pregou e associou a sua figura com a verdade, tem agora a
oportunidade de provar que tem sim poder sobre a morte. Guiado puramente pela
razão aquele homem poderia simplesmente ficar ao lado do esquife, chorando e
desfrutando dos últimos instantes do seu ente querido, mas contrariando a
lógica, ele corre para Cristo por crer que aquela situação poderia ser escrita
de forma diferente. Se por um lado ele reconhece que a menina estava morta: “Minha filha faleceu agora mesmo”, em
contra partida, ele reconhece que o Senhor tem poder para ressuscitá-la.
III- O ceticismo- “E riram-se dele” v, 24. Vale lembrar que após a queda, a incredulidade tornou-se natural na
humanidade. Aquelas pessoas que estavam ali naquele ambiente fúnebre olharam
para aquela menina estirada, racionalizaram o contexto e não viram outra
alternativa senão rir. Entretanto, é importante ressaltar que o que levou o pai
da menina até Cristo foi a fé em que o Senhor poderia operacionalizar o
sobrenatural, uma vez que a razão já não tinha nada mais a fazer. Isto equivale
a dizer que fé e razão caminham em linhas paralelas, mas, à medida que a
primeira não consegue dar uma resposta plausível, entra em evidência a segunda,
mas não quer dizer que sejam excludentes.
Aqui eu destaco o seguinte aspecto: é
um grande equívoco alguém tentar desqualificar a religião sobre a alegação de
que está em busca da verdade. Eu diria que a fé e a razão são as asas que
proporcionam o equilíbrio do avião. É bom lembrar que os chamados pais da
igreja foram buscar na filosofia elementos para entender melhor a revelação de
Deus a nós. Agostinho recorreu a Platão, enquanto Tomás de Aquino bebeu das
fontes de Aristóteles. Mas mesmo assim, é impressionante como alguns céticos
vêm ao longo da história tentando estabelecer uma guerra entre a fé e a razão.
Mas é bom destacar que quem assim procede, certamente não experimentou desta fé
maravilhosa, tornando-se reféns do drástico iluminismo.
O ato de crer no sobrenatural não te
coloca na posição de alienado, pelo contrário, é uma postura inteligente ao crer
que acima da razão existe alguém que está no controle de todas as coisas,
inclusive da minha e da sua vida e, que pode, portanto, nos surpreender à
medida que opera onde os recursos humanos se declaram falidos. Dosar razão e fé
é um grande desafio, mas sem dúvida, uma combinação perfeita para classificar
uma pessoa como inteligente e fervorosa ao mesmo tempo.
Pastor Givaldo Santana
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